O Papa Francisco faleceu na madrugada da última segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos, na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano. O pontífice morreu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e uma parada cardiorrespiratória. Francisco havia passado 20 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma, para tratar uma infecção pulmonar, mas havia recebido alta e continuava o tratamento em casa, apresentando sinais de melhora.

Corpo velado na Capela Santa Marta

Na manhã desta terça-feira, 22 de abril, o corpo do Papa foi preparado e exposto na Capela Santa Marta, onde familiares, amigos e cardeais puderam se despedir. A cerimônia foi conduzida pelo Cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Igreja Católica.

Ainda pela manhã, o Cardeal Farrell convocou a Primeira Congregação Geral do Colégio de Cardeais, conforme informado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. Sessenta cardeais estiveram presentes e iniciaram o encontro com uma oração por Francisco. Durante a reunião, foi lido o testamento espiritual do pontífice e os parágrafos 12 e 13 da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, que regulam a vacância da Sé Apostólica e a eleição de um novo Papa.

Os cardeais também juraram seguir fielmente as normas estabelecidas na constituição e cantaram o tradicional “Adsumus”. Foi decidido ainda que o corpo do Papa será trasladado da Capela Santa Marta à Basílica de São Pedro nesta quarta-feira (23), às 9h, no horário de Roma (4h no horário de Brasília).

Durante a reunião, o Colégio Cardinalício optou por suspender as celebrações de beatificação programadas até a eleição do novo pontífice. A Segunda Congregação Geral será realizada na tarde desta quarta-feira, 23 de abril.

Testamento espiritual do Papa Francisco

O Vaticano divulgou o testamento espiritual deixado por Francisco, no qual ele expressa sua última vontade quanto ao local de sepultamento. Em um trecho comovente, Francisco escreveu: “O túmulo deve ser no chão, sem decoração especial e com uma única palavra: Franciscus“. No documento, datado de 29 de junho de 2022, o Papa declara seu desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza — local sagrado que frequentava no início e fim de cada Viagem Apostólica. A preparação do túmulo será financiada por um benfeitor previamente indicado pelo próprio pontífice. “O sofrimento que esteve presente na última parte da minha vida eu o ofereço ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”, escreveu o Papa Francisco em seu testamento.

Rituais fúnebres e transladação do corpo

As celebrações fúnebres terão início nesta quarta-feira (23), com o velório aberto ao público na Basílica de São Pedro. Às 9h (4h no Brasil), o Cardeal Farrell conduzirá o translado do caixão desde a Capela Santa Marta. A procissão seguirá pela Praça Santa Marta, atravessando a Praça dos Protomártires Romanos, passando pelo Arco dos Sinos até a Praça de São Pedro, onde o caixão entrará pela porta central da Basílica. No local, será realizada a Liturgia da Palavra, seguida da abertura das visitas ao público. Espera-se que milhares de fiéis participem da despedida ao pontífice, até o próximo sábado, 26 de abril, quando ocorrerá o funeral oficial.

Missa das Exéquias e sepultamento

No sábado (26), às 10h (5h no horário de Brasília), o Cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, celebrará a Missa das Exéquias do Papa Francisco na Praça de São Pedro. A cerimônia marcará o início do Novendiali, tradicional novenário de luto e oração que perdura por nove dias após a morte de um papa. Ao fim da missa, serão realizados os ritos da Ultima Commendatio e da Valedictio, momentos solenes de despedida. Em seguida, o caixão será trasladado da Basílica de São Pedro para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizado o sepultamento conforme desejo do pontífice — em contraste com a tradição de enterrar papas na Basílica de São Pedro.

Celebrações na Arquidiocese de Salvador inicia Novenário

Em entrevista à Rede Excelsior de Comunicação, o Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, afirmou que a Arquidiocese dará início ao novenário com missas diárias em memória do Papa Francisco. “Há um costume que a Igreja está mantendo neste caso: durante nove dias rezar pelo Papa. Todas as paróquias estão sendo orientadas de forma objetiva e clara para celebrarem esses nove dias de missas pelo Papa Francisco”, destacou o cardeal arcebispo primaz do Brasil.