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12 de maio de 2025

Cardeal Robert Prevost: o norte-americano que se tornou uma das figuras mais influentes da Igreja no mundo

Com trajetória missionária no Peru, formação acadêmica sólida e confiança do Papa Francisco, o cardeal agostiniano se destaca como figura chave no futuro da Igreja

O cardeal Robert Francis Prevost, nascido em Chicago, Estados Unidos, em 1955, o prelado da Ordem de Santo Agostinho se tornou uma das vozes mais influentes da Cúria Romana – o governo central da Igreja –. Com um perfil pastoral, acadêmico e internacional, Prevost se consolidou como uma liderança de confiança do pontífice, a ponto de ser elevado à Ordem dos Cardeais-Bispos, um dos graus mais altos do Colégio Cardinalício.

Da matemática ao direito canônico: uma formação sólida e plural

Antes de seguir a vida religiosa, Prevost cursou Matemática na Universidade Villanova. Ingressou no noviciado agostiniano em 1977 e fez os votos solenes em 1981. Pouco depois, foi ordenado sacerdote em 1982 e partiu para Roma, onde concluiu licenciatura e doutorado em Direito Canônico no Angelicum – sua tese tratou do papel do prior local na Ordem de Santo Agostinho.

Essa sólida formação acadêmica, que inclui também estudos em teologia, fez de Prevost uma figura diferenciada no meio eclesial. Sua competência teórica logo se uniu à prática pastoral: em 1985, ele foi enviado como missionário ao Peru, onde atuou por mais de uma década.

Missão no Peru: o pastor próximo do povo

No país sul-americano, Prevost viveu como missionário em Chulucanas e depois em Trujillo, onde assumiu diversas funções: prior, formador, vigário judicial e professor de seminário. Sua presença constante nas comunidades, sua habilidade em dialogar com os fiéis e sua proximidade com a realidade latino-americana o marcaram profundamente.

Em 1999, foi eleito prior provincial da sua província religiosa nos EUA, e pouco depois, em 2002, tornou-se prior geral da Ordem dos Agostinianos no mundo – cargo no qual permaneceu até 2013, visitando dezenas de países e fortalecendo o carisma agostiniano em escala global.

Bispo no Peru e entrada na Cúria Romana

Em 2014, o Papa Francisco nomeou Prevost como administrador apostólico de Chiclayo, no norte do Peru, onde foi ordenado bispo e mais tarde assumiu a diocese de forma plena. Sua atuação pastoral foi marcada pelo ensino da fé com alegria e pela escuta das comunidades. Em 2018, tornou-se vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana.

Sua experiência pastoral e espírito sinodal chamaram a atenção do Vaticano. A partir de 2019, começou a integrar várias congregações da Cúria, como as dos Bispos, do Clero e da Vida Consagrada.

Prefeito do Dicastério para os Bispos

O passo mais importante de sua carreira veio em janeiro de 2023, quando o Papa Francisco o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos – órgão responsável por ajudar o Papa nas nomeações episcopais em todo o mundo. É uma das funções mais estratégicas da Igreja, pois molda o perfil dos futuros bispos. Ao lado disso, Prevost passou a presidir também a Pontifícia Comissão para a América Latina.

Ele se tornou, assim, o sucessor do cardeal Marc Ouellet nessa delicada função, tornando-se conselheiro direto do Papa na governança da Igreja. Em setembro de 2023, foi criado cardeal por Francisco, recebendo o título de Santa Mônica.

Voz pastoral e moderadora num tempo de divisões

Prevost é conhecido por defender um episcopado mais próximo do povo, como demonstrou em suas declarações à imprensa: “O bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino, mas alguém que caminha com o povo e sofre com ele”.

Com fluência em vários idiomas (inglês, espanhol, italiano, francês, português, além de latim e alemão) e experiência vivida nos EUA, Europa e América Latina, o cardeal é visto como uma figura capaz de construir pontes entre diferentes culturas e correntes internas da Igreja. Observadores internacionais, como o vaticanista Marco Politi, o consideram um “nome conciliador” em um contexto de polarização.